PERSONAGEM


Dando continuidade à apresentação dos elementos constitutivos da narrativa, passamos agora ao exame da personagem.
Personagem é um ser criado no contexto da ficção que simula as características de uma pessoa real. Ao narrador cabe a tarefa de caracterizar a personagem e fazer com que o leitor do texto a aceite como uma representação verossímil de uma pessoa.


A Construção do Personagem


É preciso determinar, desde o inicio, alguns aspectos básicos que caracterizarão nossas personagens. Por exemplo: estamos lidando com alguém do sexo masculino ou feminino? Trata-se de um adulto, um adolescente ou uma criança? Quais são as informações referentes à sua aparência (cor dos olhos, tipo físico, cabelos etc.)? Pocure, então, antes de desenvolver uma personagem, determinar o seguinte:


  • Sexo


  • Altura


  • Peso


  • Cor dos olhos


  • Cabelo


  • Data de nascimento


  • Local de nascimento


  • Sinais ou traços característicos


  • Profissão

    Talvez você nem precise utilizar algumas dessas informações no seu texto, mas, nesse momento, é essencial que você consiga “conhecer” muito bem essa nova pessoa que deverá ganhar vida por meio de suas palavras.


“Receita” de personagem

Vamos pôr em prática os procedimentos sugeridos e “construir” duas personagens.




Personagem 1:




Sexo: Masculino
Altura: 1,75m
Peso: 82kg
Cor dos olhos: castanhos
Cabelo: curto
Data de nascimento: 11 de julho de 1962
Local de nascimento: São Paulo
Sinais ou traços característicos: tatuagem de uma pantera negra nas costas, na altura do ombro direito
Profissão: administrador de empresas, exerce um cargo de chefia em uma importante indústria metalúrgica.

Personagem 2:

Sexo: feminino
Altura: 1,70m
Peso: 62kg
Cor dos olhos: castanhos
Cabelo: Longo, com reflexos loiros
Data de nascimento: 03 de maio de 1962
Local de nascimento: São Paulo
Sinais ou traços característicos: tatuagem de uma pantera negra nas costas, na altura do ombro direito, pequena falha entre os dentes da frente
Profissão: Professora de educação infantil.



Temos ao o esboço de duas personagens, no que diz respeito a suas características mais objetivas (idade, sexo, peso, altura, profissão, local de nascimento...). As diferenças entre as duas, embora pequenas são suficientes para provocar significativas alterações em seu comportamento, caso fossem utilizadas em um texto narrativo.


Tente imaginar as coisas que a personagem 1 – um administrador de empresa de mais de 40 anos e com uma tatuagem nas costas – gosta de fazer. Quais seriam suas preferências musicais, por exemplo? Por que teria feito uma tatuagem nas costas?

Talvez essa fosse uma opção feita na juventude: paulista de nascimento, não é difícil imaginá-lo na adolescência, cabelos mais compridos, visual rebelde. Por outro lado, pode ser que ele tenha acabado de se tatuar.


Imagine também quem seria a personagem 2 no contexto de uma narrativa. Quais seriam seus gostos pessoais, hábitos e comportamentos? O que a teria levado a escolher a profissão de professora? Um dos elementos que ela tem em comum com a personagem 1 é a tatuagem de pantera. Por que ela a teria feito? A explicação pode ser a mesma da personagem masculina. Mas será que no caso dela, pelo fato de ser uma mulher, a sociedade reagiria de forma diferente?



Preconceito? Certamente, mas o fato é que essa característica pode levar as personagens a se comportarem, no texto, de forma bastante diferente. Bastou refletirmos um pouco sobre um sinal característico para desencadearmos um processo de diferenciação das duas personagens que, com certeza, traria conseqüências concretas se fossemos trabalhá-las em uma narrativa.

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